quinta-feira, 24 de junho de 2010

Copa de 2014 deve injetar US$ 142 bi, diz estudo

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A Copa do Mundo de futebol de 2014, que será realizada no Brasil, deverá provocar um efeito dominó capaz de quintuplicar os investimentos a serem feitos no país.
Segundo estudo elaborado pela consultoria Ernst & Young e pela Fundação Getulio Vargas (FGV), serão injetados R$ 142,39 bilhões adicionais na economia brasileira nos próximos quatro anos para fazer frente às demandas de sediar uma Copa do Mundo.

Desse total, R$ 22,4 bilhões serão investimentos diretos para garantir a infraestrutura e a organização necessárias para o evento. Ainda serão gastos mais R$ 7 bilhões com despesas operacionais e de visitantes. Outros R$ 112,79 bilhões deverão ser gerados indiretamente por diversos setores da economia. Foram analisados 55 subsetores analisados entre indústria, comércio, serviços e construção civil. O "efeito Copa" será especialmente sentido na indústria e no mercado de trabalho.

De acordo com o estudo, que avaliou os subsetores por meio do Produto Interno Bruto (PIB) de cada segmento, os fabricantes de eletrodomésticos terão um incremento em seu PIB da ordem de 10,2% entre este ano e 2014. Também passarão por alta forte setores tradicionais do parque industrial brasileiro, como o têxtil, calçadista, autopeças e móveis.

Para Fernando Pimentel, diretor-superintendente da Abit, a associação do setor têxtil, o período que se inicia após o término da atual Copa na África do Sul é "das maiores oportunidades para desenvolver a indústria e a economia como um todo". O país possui baixos índices de consumo de fibras, cerca de 12 quilos por habitante a cada ano. Nos países europeus o consumo anual é de 28 quilos, enquanto nos Estados Unidos atinge 40 quilos. "Para a Copa vamos vender muito tecido esportivo e tecnológico, então precisamos estar preparados", diz.

Dos investimentos que serão realizados, será o setor de mídia - centros de informação internacional e anúncios em jornais e revistas - que receberá o maior aporte: R$ 6,5 bilhões. Esse valor supera os gastos que serão necessários para deixar os estádios das 12 cidades-sede aptos a receberem partidas e também a capacitação do parque hoteleiro.

Segundo José Carlos Pinto, chefe da assessoria de riscos da Ernst & Young, o setor de turismo será "importantíssimo" durante a Copa. O estudo prevê que o número de turistas estrangeiros vai alcançar 7,4 milhões de pessoas em 2014 - um salto de 64,4% frente ao registrado em 2009. A expectativa é que a receita do setor salte dos US$ 5,31 bilhões registrados em 2009 para US$ 8,73 bilhões em 2014.

Além disso, o estudo avalia que o Brasil pode realizar a primeira "Copa verde" da história. Se cumpridos os requisitos de captura de carbono, descarte de resíduos e consumo de água, a Copa poderá ser um "benchmark internacional no que se refere à questão ambiental", diz Pinto.
Valor 24.6.10