terça-feira, 31 de agosto de 2010

Copa e Olimpíada vão atrair capital doméstico e externo, avaliam empresários

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A Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016, no Rio são uma oportunidade para o Brasil país corrigir defasagens na área de infraestrutura.

Se o pais for capaz de manter uma boa gestão, não faltarão recursos - domésticos ou externos - para bancar os investimentos necessários, avaliam empresários que ontem participaram da solenidade de premiação da campeã e das campeãs setoriais do "Anuário Valor 1000", em São Paulo.

O presidente da BIC Amazônia, Horácio Balseiro, não vê nenhuma restrição de financiamento externo e diz que grupos gigantes de infraestrutura querem hoje é investir no Brasil. "O governo precisa mandar sinal para o mercado de que está aberto para os investimentos privados e que não será o Estado a fazer todos os projetos", ponderou o executivo.

Hudson Calefe, presidente da Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar), acredita que o país está menos dependente do exterior para financiar grandes projetos de infraestrutura. Na visão do executivo, a Caixa Econômica Federal e o BNDES desenvolveram musculatura necessária para fomentar as demandas da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos de 2016. "O Brasil está rigorosamente preparado com os financiamentos internos, não acho que haja necessidade nenhuma de recorrer a fontes estrangeiras, embora seja uma ajuda bem-vinda."

A vice-presidente de finanças da Vivo, Cristiane Barreto, tem visão um pouco diferente. Para ela, o Brasil deve captar mais recursos para investimentos de infraestrutura. "Muitas empresas do país e o governo têm estrutura que permite essa captação. Além disso, os bancos de fomento têm muito interesse em trazer recursos para o Brasil. O Brasil é hoje um dos países que têm maior potencial de crescimento entre os emergentes e já possui uma infraestrutura organizada. O país certamente tem condições de captar esses recursos", disse.

Walter Schalka, presidente da Votorantim Cimentos, empresa premiada na categoria materiais de construção, afirmou que, independentemente da origem do capital, "o mais importante são os sinais positivos que indicam que o Brasil terá recursos privados e públicos suficientes para atender à demanda por investimentos em infraestrutura do país, em especial na melhoria de portos, aeroportos, rodovias, transporte urbano, saneamento, energia e moradia". O desafio, ressaltou ele, será aprimorar a gestão dos recursos disponíveis e ter capacidade administrativa para transformar projetos em obras, ideias em realização, com velocidade, custo e qualidade.

Na avaliação de Gilberto Colombo, da usina de mesmo nome, a economia brasileira transmite confiança ao mundo. Por isso, ele não acredita que haverá resistência dos investidores em financiar obras de infraestrutura necessárias ao desenvolvimento do país. A avaliação é partilhada por Francisco Schmitt, diretor de relações com investidores da Grendene. "Não vejo escassez de recursos internacionais, pelo contrário, vejo muita liquidez à procura de bons ativos. Se o país se mantiver um destino confiável de investimentos não creio que tenha problemas em obter recursos", disse.

Para Denise Soares dos Santos, presidente do Hospital São Luiz, o Brasil é hoje a nona maior economia do mundo e tem se destacado internacionalmente, principalmente pela estabilidade na área econômica e pelo crescente potencial de consumo interno. "Apesar da situação favorável, o país ainda enfrenta obstáculos e um deles refere-se à infraestrutura. Tanto a iniciativa privada quanto a esfera pública enfrentam problemas com transportes e distribuição, custos e tributos, legislação e regulamentação, falta de mão de obra, entre outros. É evidente que esse gap precisa ser enfrentado com atenção pelo próximo governo", observou.

De acordo com Rômulo Dias, presidente da Cielo, o capital estrangeiro deve financiar as futuras obras de infraestrutura no Brasil. "De alguma forma, o Brasil vai ter de se financiar. Acho provável a vinda dos estrangeiros, tanto por meio do financiamento via dívida quanto pelo próprio capital."

Para Paulo Godoy, presidente da Alusa (sócia da EATE) e também presidente da Associação Brasileira de Infraestrutura (Abdib), o Brasil precisará por ano de R$ 170 bilhões para financiar os projetos de infraestrutura. Para atrair investidores externos, acredita que o país precisa fazer uma reforma do aparelho do Estado. "Os projetos de infraestrutura lidam com diversos órgãos seja de licenciamento ambiental, patrimônio histórico, que cuidam dos direitos dos índios e é preciso que se melhore a gestão deste aparelho para que os projetos sigam", acredita Godoy. Para atrair capital externo e aumentar a poupança do país, defende um pacote de estímulo ao mercado secundário de títulos.
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segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Como as empresas devem planejar-se para faturar com a Copa?

Como as empresas devem planejar-se para faturar com a Copa? Para consultores e especialistas do mercado, toda a preparação pré-Copa começa com um bom planejamento. "Os empresários devem identificar os produtos e serviços que serão mais demandados e saber quem são os clientes potenciais", ensina José Carlos Pinto, sócio da consultoria Ernst&Young. "Possíveis alianças e parcerias com empresas estrangeiras que já têm experiência em outras copas podem ser um diferencial importante."

Segundo Rodrigo Teles, diretor do Instituto Endeavor, com base no histórico dos campeonatos realizados em outros países, os empreendedores podem mapear os investimentos necessários para aproveitar melhor o evento. "Já sabemos quais serão as 12 cidades-sede e onde estará grande parte das oportunidades", lembra. "Desenvolver uma rede de relacionamentos nessas cidades será fundamental para gerar bons negócios."

De acordo com o estudo Brasil Sustentável-Impactos Socioeconômicos da Copa do Mundo 2014, as cidades-sede serão alvo de iniciativas de infraestrutura, com investimentos de R$ 14,5 bilhões. Somente na reurbanização dos locais com maior movimentação de turistas e no entorno dos estádios, os gastos são estimados em R$ 2,8 bilhões.

Dentro da empresa, do ponto de vista organizacional, a dica dos especialistas é estar com "a casa em ordem". "Mantenha um bom sistema de gestão, métricas de desempenho e transparência nos demonstrativos financeiros", diz Teles. "Isso dará confiança a um parceiro ou cliente na hora de fechar negócio ou para buscar financiamentos externos para novos investimentos."

Para o consultor Lucas Copelli, na etapa de preparação para a Copa, que vai até 2013, as oportunidades para as pequenas e médias empresas estarão relacionadas com o planejamento de obras realizadas pelo governo, pela Fifa e iniciativa privada nos locais dos jogos. "É quando acontecem as maiores obras de infraestrutura, urbanização e mobilidade urbana, construção de estádios e ampliação da rede hoteleira, que têm impacto positivo nos negócios de construção civil, tecnologia da informação, segurança, limpeza, alimentação e transportes", detalha. "As empresas de propaganda, relações públicas, webdesign e consultorias também se beneficiarão na preparação das campanhas para o ano da Copa."

No Grupo Máquina PR, da área de relações públicas e assessoria de imprensa, a estimativa é incrementar os negócios em cerca de 40%, por conta do mundial. A empresa fatura R$ 35 milhões por ano. "A previsão é investir de R$ 1,2 a R$ 2 milhões, em quatro anos, no crescimento da infraestrutura, marketing, ampliação de equipes e de capital", revela Maristela Mafei, sócia fundadora da empresa de 238 funcionários, com 15 anos de mercado. (Valor - J.S.)

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

BNDES aprova os dois primeiros financiamentos para hotéis da Copa de 2014

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O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou os dois primeiros financiamentos do Procopa Turismo, programa de estímulo à ampliação e modernização da rede hoteleira nas cidades-sede da Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016

O Hotel Glória, do Grupo EBX, receberá R$ 146,5 milhões, enquanto o Ibis que será erguido em Copacabana ficará com outros R$ 11,6 milhões.

Os dois empreendimentos fazem parte dos R$ 709,4 milhões em projetos que chegaram ao banco para pleitear recursos do Procopa Turismo, que conta com um total de R$ 1,2 bilhão em investimentos ao setor hoteleiro.

Os recursos para a reforma do Hotel Glória irão para a Companhia Industrial de Grandes Hotéis, empresa da EBX. O total do investimento na obra é de R$ 260 milhões e a previsão é de que a obra esteja pronta no início de 2012.

A Galvan Engenharia receberá o dinheiro do banco para erguer o Ibis em Copacabana, com 122 quartos e orçamento total de R$ 25 milhões, sendo que o BNDES terá participação de 100% no item máquinas e equipamentos e 80,7% nos demais itens financiáveis. A expectativa é de que o hotel esteja pronto em um ano.

O superintendente da área industrial do BNDES, Júlio Ramundo, disse que as demais consultas ao Procopa Turismo indicam demanda de construção ou reforma de mais de 30 hotéis.