quarta-feira, 22 de junho de 2011

Maioria das obras da Copa ainda está no papel

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As obras de infraestrutura para a Copa do Mundo de 2014 ainda demoram a sair do papel. Segundo acompanhamento do Ministério do Esporte, apenas 19 das 82 obras previstas em estádios, transporte urbano, aeroportos e portos foram iniciadas. O atraso maior ocorre nos portos, onde nenhum dos projetos está em execução.

Os dados foram apresentados pelo coordenador das câmaras temáticas do Ministério do Esporte, Joel Fernando Benin, em audiência pública promovida ontem em São Paulo pelo Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Confea) e pelo Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de São Paulo (Crea).

Estão previstos R$ 741 milhões em investimentos para melhoria de sete portos até 2014 - Santos (SP), Rio de Janeiro (RJ), Recife (PE), Fortaleza (CE), Salvador (BA), Natal (RN) e Manaus (AM). O processo mais adiantado é o de Manaus, em fase de licitação. Em 2010, porém, o início das obras no porto era esperado para o primeiro semestre de 2011. Os demais projetos estão sendo elaborados.

Para mobilidade urbana, área que deve receber R$ 11,9 bilhões de investimentos em 50 projetos, o cenário também não é muito animador. Somente quatro obras já foram iniciadas, em Belo Horizonte, Cuiabá, Recife e Rio de Janeiro.

Dos 13 aeroportos localizados em cidades-sede da Copa, as obras de ampliação estão em andamento em cinco deles - Brasília, Natal (RN), Rio de Janeiro, Guarulhos (SP) e Campinas (SP). Apesar de já ter sido iniciada, a obra no aeroporto de Natal é a que deve demorar mais tempo para ficar pronta: agosto de 2014. O total de investimentos da Infraero nos 13 aeroportos até 2014 é de R$ 5,6 bilhões.

As obras devem preparar a estrutura aeroportuária para a demanda do evento. Apenas nos dois meses de duração da Copa, a Infraero calcula que o aumento de passageiros nos 13 aeroportos será de até 1,2 milhão de pessoas nos voos internacionais, e de até 1,5 milhão em viagens domésticas.

Em relação aos estádios, somente as cidades de São Paulo e Natal ainda não começaram as obras.

Segundo Pedro Benventura, coordenador da Secretaria de Planejamento do Estado de São Paulo, os projetos paulistas de infraestrutura são os mesmo já programados antes de haver a Copa nos planos. A única diferença é haver uma maior mobilização para a execução. "Devido ao evento, há um movimento maior até para a concessão de financiamentos, o que ajuda a agilizar os projetos", diz.

A linha 17-Ouro, que fará a ligação do aeroporto de Congonhas à rede de metrô paulista, já foi licitada mas a assinatura do contrato está impedida por uma liminar. O acesso ao aeroporto de Guarulhos, por sua vez, deve ser garantido com linhas de ônibus especiais até o metrô Itaquera, segundo Alberto Lauletta, assessor da Secretaria de Desenvolvimento Urbano da prefeitura de São Paulo. Os dois projetos estaduais de ligação ferroviária com o aeroporto de Guarulhos - o Expresso Aeroporto e o Trem de Guarulhos - estão parados aguardando o resultado da licitação do Trem de Alta Velocidade Rio-São Paulo, obra do governo federal.

Apesar dos atrasos nas obras para a Copa, Marcos Túlio de Melo, presidente do Confea, se diz otimista sobre o alcance dos resultados. "Tenho certeza de que vamos conseguir cumprir os prazos", diz.

A Copa do Mundo de 2014 deve gerar um impacto econômico direto no Produto Interno Bruto (PIB) do país de R$ 47 bilhões, de acordo com previsão do Ministério do Esporte. A arrecadação de tributos relacionados as atividades do evento esportivo é estimada em R$ 16,8 bilhões até 2014.

A geração de empregos permanentes impulsionada pelo evento no período de 2009 a 2014 deve ser de 332 mil vagas. Também é prevista a geração de 381 mil empregos temporários apenas em 2014.
Valor 22.6.2011

terça-feira, 14 de junho de 2011

Financiamento do BNDES para hotéis deve dobrar e chegar a R$ 2 bilhões

O superintendente da Área de Inclusão Social do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Ricardo Luiz de Souza Ramos, afirmou, na última sexta feira que a linha de financiamento para o setor hoteleiro se preparar para a Copa do Mundo de 2014 deve chegar a R$ 2 bilhões. "Mais R$ 1 bilhão deve entrar para financiar não só a reforma e remodelação, como também a construção de novos hotéis", disse Ramos.

O BNDES já tinha lançado, em 2010, uma linha de crédito de R$ 1 bilhão para o setor. Segundo Ramos, as taxas e os prazos dados para os financiamentos vão ser melhores se houver "compromisso ambiental" do empreendimento.

"A maioria dos projetos apresentados até agora é sustentável", ressaltou ele.

A notícia foi dada no seminário "Crescimento Econômico: Investimentos para Copa do Mundo e Olimpíadas", na sede do banco Central do Brasil, no centro do Rio de Janeiro. Entre os projetos que já estão recebendo recursos do banco estão o da reforma do Hotel Glória, de propriedade de Eike Batista, dono da EBX e o homem mais rico do Brasil, e o da construção de mais unidades da rede Ibis, em Copacabana.

Empresas

A boa perspectiva de financiamento e a possibilidade de ampliação do crédito para reforma e adequação de hotéis foram bem recebidas pelos empresários do setor, que já pensam em aumentar as perspectivas de crescimento para os próximos anos.

O presidente da rede portuguesa Vila Galé, Jorge Rebelo de Almeida, afirmou que a ação do BNDES vem ao encontro do bom momento econômico do País. "Observado o déficit de leitos que encontramos nas cidades que irão sediar a Copa do Mundo e a quantidade de hotéis que ainda não se enquadram aos padrões necessários, a ação do governo já era esperada, por isso trabalharemos com mais essa margem de financiamento", disse.

O executivo afirmou, ainda, que, dado este novo cenário, novos estudos de ampliação serão realizados. "É uma boa notícia para o setor hoteleiro do Brasil, que vive um momento de ouro para quem já atua no País e tem a atenção de investidores estrangeiros que procuram alternativas de negócios por aqui", completou.

Quanto a as novidades do grupo para os próximos meses, o executivo traz novidades: "Já estamos nos preparando para novos lançamentos", finalizou.
DCI 15.5.2011

sexta-feira, 10 de junho de 2011

BID vai emprestar US$ 9 bilhões para a Copa

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Nos próximos quatro anos, o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) vai concentrar até 80% de seus empréstimos reservados ao Brasil para financiar projetos relacionados à Copa do Mundo de 2014 nas 12 cidades-sede do evento. Os desembolsos estrangeiros podem ultrapassar os US$ 9 bilhões nos próximos quatro anos, complementando investimentos da União e dos governos estaduais e municipais.
O colombiano Fernando Carrillo-Flórez, representante do BID no Brasil, revela que a maior parte dos recursos servirá para custear projetos de infraestrutura rodoviária, de transporte público e de saneamento básico. "O BID tem programado até 2014 uma carteira de US$ 10 bilhões a US$ 12 bilhões. Até 80% desse montante será dirigido a iniciativas clássicas de infraestrutura e de saneamento", afirma.

Segundo o executivo, o BID definiu, no ano passado, uma agenda de trabalho com as capitais que sediarão a Copa. Além de infraestrutura, o banco distribuirá recursos para ações governamentais temáticas. "No Rio de Janeiro, vamos investir em programas de segurança pública. Em Manaus, teremos a promoção de ações de sustentabilidade. No Ceará, os empréstimos vão incentivar o turismo local. No Rio Grande do Sul, estamos fechando com o governo um sistema de transparência de gastos. São temas novos e cada experiência local pode ser replicada para outra cidade", explica Carrillo-Flórez.

Ele reconheceu que a maioria dos projetos de infraestrutura para a Copa do Mundo está em ritmo lento, mas descartou riscos que possam prejudicar a realização do evento. "Estou seguro de que as dificuldades serão superadas, percebemos grande vontade política, técnica e gerencial para superar os obstáculos", pondera.

Em 2010, o BID aprovou cerca de US$ 2,2 bilhões para ações em todo o país. Desse total, 20% foram emprestados a governos estaduais e prefeituras que aderiram ao programa do banco conhecido por "Profisco", que exige como contrapartida o aprimoramento da gestão fiscal pública.

Neste ano, o banco vai ajudar a União melhorar a eficiência da máquina pública. Segundo Carrillo-Flórez, a instituição vai atuar como agente de cooperação técnica na Câmara de Políticas de Gestão, Desempenho e Competitividade, programa federal comandado pelo empresário Jorge Gerdau Johannpeter. "Já aprovamos um programa de gestão para resultados no setor público, com indicadores de eficiência de gastos orçamentários e capacitação de administradores."

Na área de proteção social, o presidente do BID, Luis Alberto Moreno, discutirá com a presidente Dilma Rousseff, no segundo semestre deste ano, como a instituição pode atuar no programa Brasil sem Miséria. "Queremos ser um canal para incentivar o setor privado a gerar oportunidades às classes D e E", adianta Carrillo-Flórez
Valor 10.6.2011